Semana

Domingo li aquele "Budapeste", do Chico Buarque. E achei "assim-assim", como diz uma das personagens do livro a respeito de um livro. Quinta eu fui assaltada e só me restou uma tremenda duma dor de cabeça, literalmente. Hoje, depois de pegar um calhamaço de 365 páginas sobre prosódia, descobri que não posso trocar meu horário no serviço até agosto. Isso significa que posso ser assaltada mais uma vez até lá, de acordo com a média. Só espero que o ladrão não leve o meu celular com toda a minha agenda dentro de novo. Sábado eu saí com meu pai e escutei aquelas mesmas lamentações arrastadas de uma voz bêbada, seguidas de projeções megalomaníacas sobre o meu futuro "de-terno-risca-de-giz-e-scarpins". Terça tirei fotos de vários frames dos "Casos de família" e confesso que, a essa altura do campeonato, nenhuma história bizarra de prostituta me faz rir mais. Sexta ouvi minha mãe falar que os astros disseram que este é um ano em que é necessário muita concentração, pois tendemos a perder energia. Ela também disse que sonhou com a minha avó me pedindo pra rezar. Rezar eu não consegui, mas estou pensando em tatuar um olho egípcio na nuca, pra dar proteção. Tatuagem que queria fazer aos 15 anos, quando me metia a estudar aquelas coisas lá de magia branca. Hoje escrevi mais um parágrafo de um conto que nunca ousarei publicar aqui, assim como todos os demais. Amanhã vou pegar as fotos 3x4 que esqueci. Dizem que as fotos aprisionam a nossa alma. Se isso também valer para as fotos 3x4, então elas aprisionam o lado zumbi das nossas almas, porque todo mundo sai com aquele olho mortiço e aquela cara engessada. Apartamentos também podem aprisionar as nossas almas. Tô me sentindo presa nesse apartamento novo, desbotado, que não toma sol e não sorri. Sorrir tem sido difícil esses dias, sobretudo depois do assalto. Poderia terminar o post com uma frase otimista, do tipo: "Mas o iumportante é não desistir". Ou com uma frase resignada: "Mas a vida é assim mesmo". Mas acho que prefiro deixar assim em aberto...